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Quem és tu? Quem saberá responder? Só eu sei o que já fiz durante os anos em que cá estive, quem conheci, o que disse e não disse, em quem pensei. Se um dia partissemos em direcção ao desconhecido, lá onde ninguém nos tenha visto, quem seremos aos seus olhos? Verão a nossa capa, o aspecto exterior superficial que apresentamos, estudarão a nossa forma de andar, o timbre da nossa voz, as nossas palabras e silêncios, não terão a mínima ideia de quem fomos antes de lá chegar. Gosto deste pensamento. Há sempre a chance de um, melhor, de quase infinitos, novos começos. Aos olhos dos outros seremos sempre uma tela em branco, algo a descobrir, quer seja verdade, ou não... Às vezes gostava de ser nómada (atenção ao título do meu blogue- vagabunda), de não criar laços com ninguém, viver sozinha, mas permanentemente acompanhada, embora sempre com pessoas diferentes. Conhecer uns aqui, desaparecer sem notícia, e ser encontrada noutro local, por outras pessoas, com as quais restabeleceria as tais relações casuais que estabelecera com os anteriores. De qualquer forma, a maior parte das pessoas não presta, mais valia conhecer apenas a sua superficie, esquecer o aborrecimento da convivência de alguém já conhecido, a falta de mistério e sedução...
Não acredito no que escrevi, gosto de saber que conheço pessoas, e fico emocionada quando me apercebo à quantos anos convivemos, sente-se que são parte de nós, para contar a nossa história teriamos que contar a deles. Gosto também do conforto, embora muitas vezes falso, de que essas mesmas pessoas estariam dispostas a por as mão no fogo para nos ajudar, em prol dos laços que partilhamos.