universidade
Recebo um telefonema, oiço, "Filha, tenho más notícias". Descubro que é tarde para as inscrições em Espanha (inscrevi-me em Junho, mas correu mal por falta de informação), ou seja, apesar de os exames me terem corrido bem, não será este ano que descobrirei o mundo e a minha independência. Os resultados de Portugal, sei-os dia 19, mas tenho a certeza que não entrarei, já que a minha média está uma vergonha. E eu dei o meu melhor...
Digamos que, neste momento, estou afogada nas minhas lágrimas, tenho vontade de me esconder num local escuro e de lá não sair, não consigo aceitar a claridade do dia, imagino os olhos brilhantes e grandes das pessoas que, com um sorriso me perguntarão, "Então, conseguiste?", a forma como farão uma cara preocupada ao ouvir a minha desolante resposta, e as palavras encorajadoras, embora vazias, que me dirão a seguir, "És boa aluna, para o ano consegues".
Não, não consigo, corre sempre tudo mal. Isto tudo por uma inscrição mal feita, por malditas burocracias.
Vou chorar, e chorar, e chorar, até que as lágrimas sequem e reste apenas um vazio gigante onde um dia o meu coração com força bateu. Neste momento, estou morta por dentro, nada me exalta, não tenho quaisquer esperanças, sinto-me sem absolutamente nada, como que despida perante um mundo de reis com capas. Não resta em mim qualquer felicidade.
Declaro a minha desistência.
fotografia: Palmela, 2011