nada se move
Há notícias capazes de transformar
O mais tórrido Verão num gelado suspiro
É como se me beijasses com carinho
Só para depois, feita a mentira, seguires caminho
Sem aviso dar,
É como se retirassem, de mim, a minha pele
E a frieza se tornasse a minha identidade,
Há sonhos e esperanças, que só servem
Para cairmos em profundos abismos
Quando a realidade à porta nos bate.
Há noticias assim, que nos trazem o frio de gélidas zonas
Que nos tornam imóveis, que param corações que tão fortemente bateram
Quando a mesma circunstância era vista de outra perspectiva
Quando a força abatia o medo,
Quando me beijavas presente,
Quando eu sonhava, e lutava para vencer,
Hoje tenho frio, frio e mais frio,
O vento corre, estou ao relento,
Nada em mim se aguita, o coração não bate,
O meu olhar, outrora ávido e feliz, é lento, lento, lento,
Nada se move.
fotografia: Palmela, 2011