Descobri uma nova sensação, estava tão gelada que não sentia frio, mas uma dor do tipo em picadas. De uma forma estranha, fez-me sentir viva.
(Madeira, Verão 2014)
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Descobri uma nova sensação, estava tão gelada que não sentia frio, mas uma dor do tipo em picadas. De uma forma estranha, fez-me sentir viva.
(Madeira, Verão 2014)
Voltando a estudar Anatomia, sou involta pelas memórias do ano passado, eu, a ver os mesmos vídeos às 3h da manhã no sofá azul da sala da minha, para sempre, 1ª casinha, eu, às 2h da manhã, na biblioteca, com os restos do jantar que comi lá fora na companhia de um colega, num tuppware na mala. Horas e horas de dedicação, intercaladas com umas visitinhas ao facebook. Foi um ano tão bom, tão diferente e não há dia que passe que não me lembre dele, tudo me recorda Santiago.
De qualquer forma, Anatomia, agora sob a forma mais clínica da topográfica, voltou. E eu comecei a estudar, como sempre, tarde, lá vou eu estudar a região infra-temporal, desejem-me sorte, que vou precisar!
Ao longo dos meus 19 anos sempre me senti insatisfeita com a minha vida social. Recordo os meus 13 anos, passados numa emigração em Inglaterra e vem-me de novo a ânsia de não conseguir conectar melhor com os meus, na altura, "peers", aquela impressão que ninguém me conhecia de verdade, de tão dificil que é saberes quem és no meio de tantas caras, todas com tantas histórias de fundo como as que tu tens e que não se vêem quando se olha alguém de relance. Os anos foram passando, e nestas alturas ninguém dá muita importância a estes problemas, é normal os adolescentes terem dificuldade na sua adaptação, é a tal fase em que nos descobrimos, e temos sempre a ideia de que tudo será perfeito mais tarde. Ora foi no meu 10º ano, já em Portugal, que escrevi uma "too do list" (e agora que penso nisso nem era uma lista, mas um texto corrido...) que colei na parede do meu quarto, e entre as várias ideias constava, "Stop thinkig tomorrow will be a better day". Compreendo que à primeira leitura esta frase pareça desencorajadora, mas não é a essa a sua essência, passarei à sua explicação: Tenho tendência a viver numa fantasia, as coisas correm mal e eu desculpo-me com um "para a próxima será diferente", mas a verdade é que não é bem assim, e certos acontecimentos têm tendência a repetirem-se. Atenção, não estou a falar de um "o teste correu mal, vou ter má nota", aí, claro, o correcto a fazer será admitir que é normal e que para a próxima teremos o mais brilhante 19,9 que aquele professor já viu, refiro-me aqueles hábitos que se repetem desde que me lembro, refiro-me à frustração de não me sentir conectada com as pessoas, ao difícil que é saberes quem és no meio de tantas caras, que não é nem um bocadinho mais fácil, apesar dos meus já 19 anos, apesar da quantidade de caras e experiências com que me deparei, apesar de já ter vivido sozinha durante um ano, apesar de fazer o meu máximo para abrir a minha mente e explorar novos horizontes. Continua a parecer tão distante como alguma vez pareceu.
Interrogo-me se sou introvertida, interrogo as pessoas que melhor conheço e que não achem muito estranha a minha pergunta, as opiniões variam. A minha mãe mantêm firme esta ideia, e diz que terei simplesmente de me aceitar como sou, os amigos acham que sou super social e alguns até descontraída. A do descontraída não concordo nem um bocado, devo ser das pessoas mais tensas que conheço e sinto-me vermelha e atrapalhada quando posta em "check mate", mas a ideia da expressão agrada-me; quem me dera a mim ser descontraida. É para mim arquétipo de perfeição, aquela pessoa sempre confiante, que está sempre numa boa e integrada em qualquer lugar, que inspira confiança nos outros. E é aqui que se vê o meu problema, tenho um ideal de pessoa fixo, ao qual não me adapto, ou seja, fico aquém dos meus ideais, destruindo a minha auto-estima. Continuo com a dúvida, "o que me define?", e encontro uma frase na internet que ajuda:
"Remember, though, that no one is all introvert or all extrovert. Introverts attend wild parties, and extroverts curl up with their favorite books. As the psychologist Carl Jung put it, "There is no such thing as a pure extrovert or a pure introvert. Such a man would be in the lunatic asylum."
Sou uma mistura, uma que talvez tenda para a introversão. Mas claro, não preencho todos os requisitos, veremos algumas características introvertidas minhas:
1) Adoro conhecer pessoas novas, mas de facto sinto-me muito mais feliz num grupo pequeno do que no meio da multidão, onde mesmo no meio dos meus amigos sou invadida por uma solidão imensa.
2) Adoro falar em público e sempre surpreendi nas apresentações orais pela minha aparente confiança, mas realmente prefiro estas do que ter que falar cara a cara com as pessoas, ou seja, ao contrário do que me parecia, uma apresentação oral nem será um desafio para a maioria dos introvertidos, já que é uma actividade, embora disfarçada, solitária e que não necessita de interacção directa com ninguém, está-se a falar para um público, um único, e não para um certo número de espectadores individuais.
3)Sempre preferi desportos individuais, saber que alguém teria que me passar a bola atormentava-me, lembro o "Só me passam às vezes porque são meus amigos"
4) Encontro numa lista que um sinal de introversão é: "Networking (read: small-talk with the end goal of advancing your career) makes you feel like a phony" e digamos que este é apenas um dos meus maiores medos em relação a esta minha personalidade. Se há coisa útil no mercado de trabalho é conseguirmos "vender o nosso peixe" e, apesar das minhas notas, aparento sempre não ser muito inteligente, o que é péssimo até dizer chega e me tem vindo a atormentar, especialmente na faculdade, no secundário, os professores conhecem-te e basta teres boa nota nos testes que estás safo, mas aqui, digamos que as minhas notas das práticas ficam sempre aquém porque eu aparento sempre não fazer a mínima ideia do que estou para ali a fazer.
Coisas da vida... Termino este post de forma aberta, continuo sem saber quem sou, mas talvez seja mesmo assim que se deve viver, na ignorância que nos permite manter a ânsia de tentar ir mais longe. Quem sabe se até as aparentes pessoas confiantes têm destas coisas... (?)
source: http://www.huffingtonpost.com/2013/08/20/introverts-signs-am-i-introverted_n_3721431.html
Já estamos de volta a casa, mas à pouco ouvi a minha mãe lá fora a cantar "c'est la vie" e agora estou a ouvir Moussier Tombola no computador de alguém. Um bocadinho de Tunisia ficará para sempre dentro de nós, até me vai dar vontade de regatear os preços sempre que for às compras "15 euros esta camisola? Está muito caro, dou 8,5€...".
foto: Eu, o Miguel e a Yasmin
2009-2011
2011-2012
2012-2013
O meu favorito é o actual. O mais curioso é que isto não foi propositado, algo me diz que gosto de autocolantes com um casal a dar um beijinho com corações a pairar no ar. Sou mesmo panasca...
(Decerto que poderia encontrar uma fotografia melhor do primeiro, mas de momento não me apetece mergulhar no mar infindável dos meus registos fotográficos... ui, tão bem que isto soou!)
Fui ver a nota de Citologia e Genética. Por um lado sei que não tenho razões para me queixar, o que é que eu esperava, tendo estudado só 2 dias? Mas odeio mesmo sentir-me medíocre... (68%)
Setembro, sê muito bem vindo!
Sempre foste o meu mês favorito, principalmente quando o calor do Verão nos abandona, e somos envoltos por uma temperatura mediana, que combina na perfeição com collants finos e camisolas de manga comprida.
Setembro costuma também anunciar mudanças, uma nova turma, uma nova escola, uma nova localidade… Mas sempre subtil, acompanhada com a calma das ruas misturada com vento e o cheiro que antecede a chuva.
Para mim, é sempre uma estação de nostalgia. Acabo sempre parada à beira da mesma árvore, uma palmeira na rua em que cresci, e por breves instantes o tempo para, e recordo todos os setembros passados, junto à árvore. Na primeira memória tenho 10 anos, passei para o 5º ano e estou lá parada à espera de um menino do 6º ano que está a jogar futebol e por isso atrasado para o nosso encontro. Este ano ainda não passei por lá, mudei de localidade, mas também ainda não está o tempo de Setembro, por isso não vale a pena… Mas passarei, nem que seja em principios de Outubro. E não será de propósito que me porei junto à árvore, simplesmente acontecerá. Junto a ela, a minha vida será recapitulada. Este ano tenho 18 anos, mas bem poderia ter 15, ou 13, ou mesmo 10…
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