Errante

[Disclaimer: Talvez me tenha escapado uma lágrima no fim. Adorei esta poesia a dois (ainda não desidratei...)]

[Sarah & Phil]
I knew exactly what love looked like...
In seventh grade

[Sarah]
Even though I hadn't met love yet
If love had wandered into my homeroom
I would have recognized him at first glance
Love wore a hemp necklace

[Phil]
I would have recognized her at first glance
Love wore a tight French braid

[Sarah]
Love played acoustic guitar
And knew all my favorite Beatles songs

[Phil]
Love wasn't afraid to ride the bus with me

[Sarah & Phil]
And I knew

[Sarah]
I just must be searching the wrong classroom

[Phil]
Just must be checking the wrong hallways
She was there, I was sure of it

[Sarah]
If only I could find him

[Sarah & Phil]
But when love finally showed up

[Phil]
She had a bowl cut

[Sarah]
He wore the same clothes every day for a week

[Phil]
Love hated the bus

[Sarah]
Love didn't know anything about the Beatles

[Sarah & Phil]
Instead

[Phil]
Every time I tried to kiss love

[Sarah & Phil]
Our teeth got in the way

[Sarah]
Love became the reason I lied to my parents

[Phil]
"I'm going to... Ben's house"

[Sarah]
Love had terrible rhythm on the dance floor
But made sure we never missed a slow song

[Phil]
Love waited by the phone because she knew if her father picked up it would be

[Sarah (Phil)]
"Hello ?" (*Heavy breathing*)
"Hello ?" (*Heavy breathing*)
"I guess they hung up"

[Phil]
And love grew

[Sarah]
Stretched like a trampoline

[Phil]
Love changed

[Sarah]
Love disappeared... slowly
Like baby teeth, losing parts of me I thought I needed

[Phil]
Love vanished like an amateur magician
Everyone could see the trapdoor but me

[Sarah]
Like a flat tire
There were other places I had planned on going

[Sarah & Phil]
But my plans didn't matter

[Sarah]
Love stayed away for years
And when love finally reappeared, I barely recognized him

[Phil]
Love smelled different now, had darker eyes

[Sarah]
A broader back
Love came with freckles I didn't recognize

[Phil]
New birthmarks, a softer voice

[Sarah]
Now there were new sleeping patterns

[Phil]
New favorite books

[Sarah]
Love had songs that reminded him of someone else

[Phil]
Songs love didn't like to listen to

[Sarah & Phil]
So did I...

[Phil]
But we found a park bench that fit us perfectly

[Sarah]
We found jokes that make us laugh

[Phil]
And now love makes me fresh homemade chocolate chip cookies

[Sarah]
But love will probably finish most of them for a midnight snack

[Phil]
Loves looks great in lingerie but still likes to wear her retainer

[Sarah]
Love is a terrible driver, but a great navigator

[Phil]
Love knows where she's going
It just might take her two hours longer than she planned

[Sarah]
Love is messier now

[Phil]
Not as simple

[Sarah]
Love uses the word "boobs" in front of my parents

[Phil]
Love chews too loud

[Sarah]
Love leaves the cap off the toothpaste

[Phil]
Love uses smiley faces in her text messages

[Sarah]
And turns out

[Sarah & Phil]
Love shits!

[Sarah]
But love also cries
And love will tell you, "You are beautiful"

[Phil]
And mean it

[Sarah (Phil)]
Over and over again ("You are beautiful")
When you first wake up- ("You are beautiful")
When you've just been crying- ("You are beautiful")
When you don't wanna hear it- ("You are beautiful")
When you don't believe it- ("You are beautiful")
When nobody else will tell you, ("You are beautiful")
Love still thinks... ("...")

[Sarah]
You are beautiful

[Phil]
But love is not perfect and will sometimes forget

[Sarah]
When you need to hear it most

[Sarah & Phil]
You are beautiful

[Sarah]
Do not forget this

[Phil]
Love is not who you were expecting
Love is not what you can predict

[Sarah]
Maybe love is in New York City already asleep
You are in California, Australia, wide awake
Maybe love is always in the wrong timezone

[Phil]
Maybe love is not ready for you
Maybe you are not ready for love

[Sarah]
Maybe love just isn't the marrying type

[Phil]
Maybe the next time you see love is twenty years after the divorce
Love looks older now, but just as beautiful as you remember

[Sarah]
Maybe love is only there for a month

[Phil]
Maybe love is there for every firework, every birthday party, every hospital visit

[Sarah]
Maybe love stays

[Phil]
Maybe love can't

[Sarah & Phil]
Maybe love shouldn't...

[Phil]
Love arrives exactly when love is supposed to
And love leaves exactly when love must

[Sarah]
When love arrives say,

[Sarah & Phil]
"Welcome, make yourself comfortable"

[Phil]
If love leaves, ask her to leave the door open behind her

[Sarah]
Turn off the music, listen to the quiet

[Phil]
Whisper,

[Sarah & Phil]
"Thank you for stopping by"

"O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço."

Fernando Pessoa

Não saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.

Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um a-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...

Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorria!
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia...

Miguel Torga

 

Louco, sim, louco, porque quis grandeza

Qual a Sorte a não dá.

Não coube em mim minha certeza;

Por isso onde o areal está

Ficou meu ser que houve, não o que há.

 

Minha loucura, outros que me a tomem

Com o que nela ia.

Sem a loucura que é o homem

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria?

Mensagem, Fernando Pessoa, 20-2-1933

I have always suspected, but never quite knew

But as the years pass, the better I view

That some things will chase you

And despite how hard you try

They will keep trying to catch you,

They will be always be nearby.

They are slow, yet their rhythm is steady

So I truly hope you're ready.

Keep running, please.

Ana Palmeiro

O Noivado do Sepulcro
Soares de Passos

Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.

Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?

"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?

"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!

"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!

– "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
– "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.

"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?

"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
– "Oh vejo sim... recordação fatal!
– "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.

"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

Há notícias capazes de transformar

O mais tórrido Verão num gelado suspiro

É como se me beijasses com carinho

Só para depois, feita a mentira, seguires caminho

Sem aviso dar,

É como se retirassem, de mim, a minha pele

E a frieza se tornasse a minha identidade,

Há sonhos e esperanças, que só servem

Para cairmos em profundos abismos

Quando a realidade à porta nos bate.

Há noticias assim, que nos trazem o frio de gélidas zonas

Que nos tornam imóveis, que param corações que tão fortemente bateram

Quando a mesma circunstância era vista de outra perspectiva

Quando a força abatia o medo,

Quando me beijavas presente,

Quando eu sonhava, e lutava para vencer,

Hoje tenho frio, frio e mais frio,

O vento corre, estou ao relento,

Nada em mim se aguita, o coração não bate,

O meu olhar, outrora ávido e feliz, é lento, lento, lento,

Nada se move.

fotografia: Palmela, 2011

Aviso: O poema em baixo é o que pode chamar "um poema a brincar", com uma linguagem e estrutura muito simples. Digamos que enquanto cantava e arrumava o quarto, inventei-o, parei o que fazia e escrevinhei-o num papel.

É um amor impossível

Que não está destinado

Uma ideia louca,

que devo por de lado

São coisas belas

Que nunca vão acontecer

E nem devo pensar nelas ,

só me vão fazer sofrer

Fecho os olhos, sorrio e sonho

Vivo numa fantasia

O momento certo cessou,

A oportunidade, perdi-a.

fotografias: biblioteca do museu de António Malhoa (Caldas da Rainha). Já agora, aconselho a visita ao museu, vale a pena :)

"Are now my friend,
Oh, I see said the blind man,
To his two deaf daughters on the disconnected telephone."

 (autor(es) desconhecido(s))

Sozinha, entre a multidão,

envolta por fumo e pelo ruído,

olhos baixos, pernas cruzadas, café na mão

Não se faz fogo sem haver uma faísca

Nem  magia sem conhecer o feitiço

E embora pouco perca quem arrisca

Não ganha, também, muito com isso.

Não se faz amar, alguém que não ama,

Não há partilha: só há solidão,

E por mais que se partilhe uma cama,

Nunca existe um único coração.

A sina é para todos igual,

Entre os muitos, para sempre sozinhos

E mesmo entre os dias que passam menos mal,

haverá sempre alguns espinhos.

                                                     Ana Patrícia